Na
primeira vez, passei por muitos remédios (sertralina, venlafaxina,
fluxotina...), mas nada tinha resultado satisfatório, o primeiro me deu uma
enxaqueca crônica, o segundo, ficava meio excessiva (eufórica) e tinha
anorgasmia, o terceiro me dava um sono absurdo sem fim – isso dos que me lembro.
Diante dessa situação, o psiquiatra me receitou a amitriptilina, indicada para
depressão refratária. E deu certo.
Detalhe importante da amitriptilina é saber
em quanto tempo ela vai te apagar, para mim demorava 3 horas e descobri de uma
forma bizarra: no meio de um jantar em que eu não podia mais levar o garfo a
boca. Parecia trêbada, mas era o efeito do remédio.
Depois de alguns meses eu
fui diminuindo a quantidade (tomava 100mg por dia), e em algum momento, não
lembro se não consegui a droga e decidi continuar sem, provavelmente. Não fiquei
todo esse tempo sem ter depressão, mas em determinado momento, para além dela,
tinha uma irritação, ansiedade, esgotamento e zumbido no ouvido muito alto.
Pesquisando sobre bipolaridade encontrei um especialista na área e decidi entrar
em contato, era caro, mas decidi tentar. Gostei muito do médico e, para minha
surpresa, ainda que não muita, fui diagnosticada com Transtorno Afetivo Bipolar.
Fazia muito sentido o que conversamos: meus altos e baixos, os planos incríveis,
a aquisição de um sem-número de empréstimos, a disposição em alguns períodos, e
a falta dela em outros, como se eu “desrotacionasse”, isto é, como se minha fita
passasse a rodar mais devagar, faltando energia para concretizar as coisas. Esse
é o resumo da minha vida.
Por que o primeiro médico não desconfiou disso? Talvez
porque ainda não tinha feito tanta besteira na vida...
Resultado: comecei um
tratamento finíssimo, caríssimo, mas que depois de uns meses deu conta de me
estabilizar. Assim como, de me ajudar a segurar a onda de muita coisa no decorrer
de pouco tempo.
Carbolitium, brintelix, rexulti, lexapro e Rivotril (de modo não
sistemático, excepcionalmente). É assim a configuração atual. São doses mínimas
e já estou no máximo para não entrar em hipo-mania.
O lexapro comecei depois de
algumas crises de ansiedade, após algumas ocorrências no trabalho, e reparei
que além de deixar de ter taquicardia, as crises de
enxaqueca também diminuíram muito, em quantidade e intensidade.
Meu problema é o rexulti: ele me dá muito sono. Já diminuí a dosagem,
quero mesmo é parar ele. Mas me vejo tão mal, que tenho medo.
Perguntei para o
atual psiquiatra porque não amitriptilina e a resposta foi: porque é como usar
uma bomba para matar uma formiga.
Pensando agora, não é mais prático matar com
uma bomba? É ao menos certeza. Bom, lembro que dei uma boa engordada quando
usei. E dizem que os efeitos colaterais são bem graves...
Conto tudo isso porque
dá uma insegurança começar a tomar o remédio que for, e às vezes o relato do
outro pode nos ajudar, ainda que cada organismo seja um e, portanto, o que eu
sinto não vá ser necessariamente o que você sente.
Enfim, concluindo, com a notícia de que não
poderia aumentar os antidepressivos, tive que ter a força e o valor de me
matricular na academia (há uma semana) e ir todos os 5 dias úteis.
Aparentemente, gastei toda minha energia na academia e não prestei para mais
nada nos últimos dias. Mas tenho esperança de que seja parte do processo e que
logo eu possa me beneficiar hormonalmente desse investimento energético!
Não,
não estou bem. Não sei quanto tempo vai levar, mas vou ficar.
Desejo que você
também!
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