quarta-feira, 29 de maio de 2013

Dia especial

Hoje foi um dia raro: desses em que as coisas boas coincidem no dia da agenda, mas, incrivelmente, não no mesmo horário!

De manhã fui ao meu psiquiatra, como gosto dele! É dessas pessoas que não tem como não gostar!
Adorei a indignação dele quando contei da opinião do perito sobre o psicólogo (que eu não podia ficar dependente dele, tinha que saber tomar minhas próprias decisões e andar com minhas próprias pernas(!)). Poucas coisas são tão deprimentes quanto essas perícias... mas a terça de hoje compensou a segunda passada.

Às vezes acho que falo demais, mas é que a gente só se vê uma vez por mês... e tudo está relacionado ao que tratamos. Acho que o bom psiquiatra é o que consegue se aproximar exatamente do seu oposto: o homeopata (no sentido de que analisa o todo em seu conjunto e não as partes isoladamente).

No meu caso, estou com anemia e hipotireoidismo, ambos leves, mas ambos reforçam os sintomas da depressão, que são justamente a maior barreira para sair dela! Mas não é só o físico que conta, tem também a questão emocional, relacional, etc e tal. Que não estão lá muito boas, mas hão de melhorar.

Mas ao menos, depois de me dar conta de que fazia mais de 12 meses que meu psiquiatra perguntava se eu tinha voltado a dançar, e eu respondia: “esse mês vou voltar”... tomei vergonha na cara e fiz uma das melhores coisas dos últimos tempos: contratei um professor particular - e é um investimento sem igual! Começo da tarde era o horário dele e... como me sinto bem dançando! E melhor ainda, junto aprendendo, melhorando, aperfeiçoando... é muito, muito bom!

Final da tarde, era hora do meu psicólogo. Achei que seria um desperdício ir para lá estando tão bem. Mas que nada, tinha muita coisa incomodando dentro do peito, chorei um monte, mas saí me sentindo muitíssimo melhor - e muito mais leve!

Para completar o dia, só faltou ir ao centro cardessista. Era dia, mas com a chuva, acabei não resistindo. Vim para casa, resolvi pacificamente o que precisava resolver, e fiquei me sentindo, estranhamente, tão bem!

Essa sensação acho que vem muito do se sentir bem cuidada e bem amada. Gratidão a cada ser que colabora para que seja ela exatamente como é!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Da minha dor


“Ouça um bom conselho, inútil dormir que a dor não passa.” Chico Buarque

Acho que faltou dizer de onde vem esse cansaço que não nos deixa. Que dá sono, dá indisposição, dá preguiça, e resulta em tanta procrastinação. Dá tantos “não quero”, “não tenho vontade”, “não me sinto bem”, “prefiro ficar em casa”. Não é nada pessoal, só é muita gente, é muito barulho... está tudo bem, só quero ficar quieta no meu canto.

Não posso argumentar que estou cansada se não trabalho, mas estou. E é um cansaço da vida inteira! Sabe quando você come demais algo que depois não consegue nem olhar, nem pensar em comer mais? É mais ou menos assim.

Não sei como foi que isso se deu, mas fato é que por algum motivo, as dores de todos os tempos resolveram fazer um congresso e se encontrar. A maioria delas foi profunda, mas passageira. Aparentemente superada. Mas, às vezes me pego pensando em coisas que me doeram tanto, tanto! Engoli a dor, mas parece que não desceu.  Enroscou numa das curvas que abastece o coração, pois ali já havia algumas, e não demorou muito para chegarem tantas outras, tão gigantes, que empurraram todas as outras direto para o coração. Algumas se dispersaram, outras se mantiveram unidas e aos poucos foram diminuindo, mas não posso distrair que logo aparece alguma que estava perdida reivindicando atenção. Queria tanto que algumas delas nunca tivessem existido.

Estou tentando colocar ordem nessa casa, mas não está fácil. Não encontro ao quê me apegar, se tudo que parecia verdadeiro, foi diluído em meio ao falso. E tem que tomar, assim mesmo, tudo junto, que é para criar imunidade.

Mas, não quero, ainda dói , mas não quero tomar esse veneno! Já dói menos, apesar de que, se respiro um pouco mais fundo sinto que ela ali segue.

Ninguém, ninguém pode saber o tamanho da minha dor. Porque ninguém viveu as frustrações, a desilusão, a desconfiança, a desesperança... que eu vivi. Cada um tem a sua. Tentei minimizar a minha, mas de repente ela cresceu, e tomou conta de tudo!

Estou tão cansada. Não quero. Não quero ver mais nada, não quero ter que conversar, não quero ter que explicar. Só quero ficar quieta no meu canto, poder juntar os pedaços do que restou, e ver o que é possível fazer com eles.

Só me deixe só. Não vou quebrar tudo. Ao menos ainda não, porque não sei ainda o que é que quero tanto quebrar. O que quero quebrar, é real, mas não é físico. É forte, às vezes me derruba, mas é intangível.

Sei que é inútil dormir, que a dor não passa, mas ao menos descanso um pouco dela, ainda que muitas vezes me acompanhe nos sonhos... Até nos sonhos! Mas logo deixará de ser esse troço atravessado no peito. Ainda não sei como, mas vou achar um jeito!

Dou risada da crueldade do Chico cada vez que ouço a música. Sei que é inútil, mas não planejo dormir muito, simplesmente durmo. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Do porquê dormimos tanto


Como uma pessoa pode passar mais tempo dormindo que acordada? É realmente difícil de entender, mas tento explicar.

Não se trata de não ter mais o que fazer, pois quando não há vontade de se fazer nada, o primeiro que se deixa para depois, são as coisas não obrigatórias, que só dependem de nós e só nós seremos afetados. Por exemplo? Pagar por uma assinatura cara que não tem sentido nem vantagem, mas que o cancelamento sempre fica para depois porque não há disposição para esse desgaste extra.

Já não durmo tanto, mas cheguei a dormir 16 horas por dia há alguns meses. Os motivos do sono, elencaria da seguinte forma:

1 - De fato nos sentimos cansados. Dormimos para descansar, mas é um cansaço que parece não acabar nunca!

2 - Tentamos a sorte. A tristeza e alegria (ou pequeno pico de disposição e otimismo), não tem nada que ver com a razão. Às vezes temos motivos para ficar felizes e seguimos tristes. Noutras temos motivo de sobra para ficar tristes, mas damos risada. E como isso é imprevisível, acontece de acordarmos muito bem ou muito mal - sem a menos explicação! Daí, mesmo sem saber, tentamos a sorte: dormimos de novo, para quem sabe, dentro de algumas horas, acontecer esse mistério de despertar conosco uma vontade, qualquer que seja.

3 - Os remédios. Alguns antidepressivos tem como efeito colateral o sono excessivo. Não deveria acontecer, mas acontece. Com uns mais e com outros menos, mas com os ansiolíticos, sempre. E tomamos eles para contra-balançar no caso do antidepressivo gerar uma eletricidade incompatível com nosso estado (o que gera um imenso mal estar), ou quando qualquer outra coisa nos deixa em um grau de ansiedade difícil de controlar.

Comigo, outro fator que não sei se é comum às demais pessoas, é acordar cansada pelo estresse gerado pelos sonhos - quase sempre desgastantes e envolvendo tensão, conflito, revolta pela impotência e até perigo. Mas ao menos, quando lembro o que acontecia no sonho, fica mais fácil entender o porquê de determinado humor e agir para combatê-lo se não for bom.

Hoje acordei um pouco triste, meio desacorçoada, não sei se pelo que sonhava, pelo acordar tarde com tantas coisas para fazer, ou pelo quê; mas não acho justificativa para meu estado. Só é o que é. E adivinhem? Quero aproveitar o frio para voltar a dormir e ver se acordo melhor!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Perícia perversa

Caí justamente com o períto que estava rezando para não pegar. Acho que foi com o primeiro que passei a mais de um ano, e que ficou querendo dar liçãozinha de moral.

Hoje cheguei a conclusão que o índividuo em questão só pode ser sádico. Fiquei uma meia hora contando o que já contei mil vezes, sendo que como cada vez estou há mais tempo  de licença, acabo resumindo muito tudo.

Por outro lado, ele não queria ouvir, pois quando tentava contar as coisas ou me interrompia ou fazia cara de "ok, já sei, resuma". Que raiva, acho que a tática dele era essa, me provocar para ver se eu reagia, e não tive como não reagir quando disse que eu não podia ficar dependente do psicólogo, que já tinha que tomar minhas decisões e andar com minhas próprias pernas.

Ele conseguiu. Como era absurdo! Devia ter aproveitado e dado uma de louca, falado um monte. Interessante é que, para esses seres, ficar dependento do remédio não tem problema, mas da terapia... deu a entender que 3 anos era muito. Como pode alguém tão despreparado e tão insensível trabalhar de perito? É tudo tão... humilhante e desrespeitosio! E ele ainda fez questão de ficar cutucando a ferida!

Que raiva! No final das contas, me concedeu a licença, mas só até hoje, ou seja, por ele volto a trabalhar amanhã mesmo. E esses pequenos poderesm, nos vão matando aos poucos. Que tristeza maior?

Mas deixa estar, deixa estar.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dia de perícia

Consegui fugir da realidade por uns quase 5 dias! Nada como não ter tempo para pensar no que nos aflige. Mas sei que não adianta, que a realidade não muda. Uns dias, é certo, é preciso. Mas no mais, se deixar passar, deixando para depois e depois, a coisa só desanda!

São tantas coisas que fui deixando para depois... e que fui perdendo. Se dá para salvar algo? Claro que dá! A questão é: por onde começar? ...com tantas coisas voando pelo espaço: exames, casa, papéis. Enfim, o mesmo que nos meses anteriores, só que agora já elevado a... a vigésima segunda potência, provavelmente.

Mas a questão é que hoje é dia de perícia. É nisso que minha vida se divide atualmente, no antes e depois da próxima perícia, o que na verdade, não muda muito (o antes e depois) como já tive tantas vezes a crença leviana e, algumas vezes, até algo que beirava a espectativa de que tudo seria diferente.

Hoje é dia de se submeter à sorte e sair se sentindo aliviado ou desesperado, por um lado, e igual, pior, ou muito pior, por outro - a depender do humor e "receptividade" do médico perito. Ainda preferia ter que tomar benzetacil de 21 em 21 dias, mas...

A gente cresce e os desafios também crescem. Mas a gente pode com eles, sabe que pode. Só não acha onde é que foi parar esse "poder" e, enquanto isso, segue se agarrando ao "esperar" da nossa esperança, que cansa, como cansa, mas não dança!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Férias da realidade - será que é possível?

Um ano e três meses e meio depois... ainda quero férias da realidade! Aprendi a dar risada de mim mesma, da sem-vergonhice, das trapalhadas, dos tropeços e tantas tentativas e esperaças de recomeço. Digo dando risada que quando acordei já era noite, ou então, que só consegui levantar porque o interfone ou telefone tocou por engano,  mas não, certamente, não me orgulho, muito menos acho bonito, só não me culpo mais, pois percebi que quando além de acordar tarde, carregava o peso da culpa, tudo era muito mais difícil.

Não vejo a hora de voltar a ter a tranquilidade de estar trabalhando e não ter tempo de saber das noticias do mundo, e já com essa tranquilidade, ter a de assistir um filme e mergulhar em outra história de vida, e sim, se possível, ter também a tranquilidade de que o calor não virá só das cobertas, e de que, independente de que emoções trará o filme, haverá quem abraçar e, indepentende de que emoções trará a vida, haverá com quem contar e com quem dividir, compartilhar, multiplicar...

Mas a realidade... essa me desencoraja! Não consigo entender, não me desce, não me conformo, me entritesse - profundamente. Não preciso dar nenhum exemplo exdruxulo, pois parece que é só o que há nos últimos dias. E também não quero fica pensado, e muito menos escrevendo, sobre essas coisas. Por outro lado, chega a ser irônico, enquanto tentamos nos fazer creer de que existe um lado maravilhoso da vida a ser aproveitado (dividido, compartilhado e multiplicado), de pano de fundo anunciam as últimas atrocidades.

Isso me lembra uma cena do filme Madagascar em que, ao som da famosa "what a wonderfull world" os "protagonistas" conseguem salvar um patinho e... ´: |



Reconheço que não é assim o melhor vídeo para se compartilhar, mas, enfim, é a tal da realidade, que uma hora vamos ter que encarar, pois não vai mudar enquanto nos mantemos "a salvo". O mundo é maravilhoso sim, mas também cruel - e o pior: na maioria das vezes não é por mal, é questão de sobrevivência.

Não lembrava da parte do Leão se auto isolando por ter perdido a mão, mas quando vi, não tive como não me ver ali, esmagada entre a culpa e a punição das tantas vezes que peguei pesado e me dei conta quando já era tarde!

Precisa sim um tempo de reflexão e avaliação, outro de meditação (pra ajudar a fortalecer o tal do auto controle - que nas horas que a gente mais precisa, desaparece!), e claro, outro de ação, seja pedindo desculpas, seja reconhecendo seus atos, ou mesmo agindo diferente.

Encarar as dificuldades, aceitar as desavenças e resolver os recalques - sem achar que é fácil, e sem pretender ser "a pessoa mais bem resolvida do mundo" - pode ser a melhor forma de tomar rédea da vida e fazê-la muitíssimo melhor, para si, e para os que no fundo sabemos que estão por perto e que atenderiam ao primeiro, talvez segundo, chamado, se hora o orgulho, hora a síndrome de inferioridade, não nos imobilizasse.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dedicatória

Este blog não é para gente normal. É específica e especialmente para pessoas que pensam demais, que sentem demais, que às vezes choram demais e, outras, não conseguem chorar, que às vezes dormem demais, mas muitas vezes não conseguem dormir, que sofrem sem saber o porquê, ou sabendo, não se conformam. É para a gente que sabe que não quer continuar como está, que quer viver de verdade, ou então morrer de uma vez! Mas que... na dúvida, entre a incerteza e a esperança, espera mais um pouco, porque já não tem certeza se o que sente, pensa e quer, é o que de veras sente, pensa e quer. Porque acredita que amanhã será diferente, ainda que ontem seja tão igual a hoje quanto a anteontem. Pessoas que não entendem porque tem que continuar, mas sabem, sem saber como, que há um porquê; ainda que não se reconheçam hoje, sabem que há mais para se viver, e que pode ser difícil, mas também pode vir a ser muito bom. É para essas pessoas instáveis que caem em contradição por transparecerem sua convicção a ambos os lados, por serem capazes de entender ambos os lados, ainda que, ou por isso mesmo, prefiram permanecer em cima do muro, onde não se pode fazer muito, mas se pode ver tudo, ou quase tudo. Para essas pessoas supostamente loucas, porque recusaram se submeter a uma vida sem sentido. É para elas, e para os que não sabem não amá-las, independente de como sejam ou estejam, independente de que lado extremado estejam, independente do que pensam e do que fazem - ou deixam de fazer - mesmo saibendo que precisam, ainda que amanhã com certeza, mesmo que talvez. É para essa gente, que é humana acima de tudo!

sábado, 4 de maio de 2013

De noite e de dia, chovia.


Chovia muito, parou um pouco, abriu o tempo, o sol sorriu, brilhou forte, e a água evaporou. Veio uma nuvem negra que foi giganteando, e a tempestade caiu. Choveu tanto, tanto! Mas logo a chuva se foi. Só ficou a ressaca: as coisas que o vento fez subir aos céus não sabiam para onde voltar. Voavam feito fossem pássaros, enquanto os pássaros sem suas escassas árvores, cobriam os telhados. Não sabia se tudo era de fato maior que não cabia de onde vinha, ou se tudo era realmente tão pequeno que não se podia decidir qual buraco, entre tantos, tampar. Por isso, as coisas ficaram no ar. Aos poucos foram se acomodando e reencontrando, mas nada voltaria a ser como era. A tempestade passada, ficou a melancolia – que fez par com a esperança. Esperamos. Nuns dias ventava, noutros chovia, em alguns dias o sol abria. Mas logo, de novo, chovia, e chovia, e chovia. Uma chuva dessas de dia de finados, que por vários dias vai se prolongando, prolongando... e não finda nunca. Chuva boa para ficar deitado ouvindo o barulho da chuva, curtindo o amor das cobertas e da possessiva cama... Sei que não devia, mas não era capaz de manter o controle e logo me entregava novamente a esse amor doentio. Os sonhos eram mais agitados que a vida real, talvez também por isso, dormia mais do que ficava acordada, mas... mas é que chovia. Sei que não devia, mas, mesmo quando não chovia, o sono era absolutamente real. Real. Se pudesse escolher, optaria por los dolores de la vida, pelo peso da vida, ou pela vida real? Hã? Não sei. Só sei que chovia. E gosto, gosto muito da chuva, mesmo que seja chuvisco, garoa, sereno. Resolvi então levantar e chegar mais perto. Não resisti: abri os braços, olhei para cima, fechei os olhos, senti a chuva que me lavava a alma, numa mistura de dor, alívio e prazer. Mas, quando olhei para baixo, vi que o que corria ladeira abaixo não era água, era leite. O leite, aquele que alimenta, derramado, se esvaia. Eu olhava, não acreditava. Doía, mas eu sorria. Não o beberia, mas ao menos, agora acordada, banhada de leite, ou, ao leite, seguiria. 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Foi o meu dia!

Hoje no meu país é feriado: o dia 1º de maio, como em muitos outros lugares, é o dia do trabalhador.

E hoje o dia foi completamente diferente aos últimos. Fiz o que fiz a minha vida toda: não parei um minuto. Agora começo a entender o porquê. O tema é delicado: sempre gostei de trabalhar, talvez, até, além da conta. Certamente é do que mais sinto falta, cada vez mais. Afinal, não parar é a melhor forma de não pensar no assunto, não encarar a realidade, não sofrer de novo. Paliativo, claro, mas eficaz.

A última vez que falei com minha mãe, chorei. ...como quando era criança. Perguntei a ela: 'porque eu chorava quando você me mandava dormir'. Ela sorriu enquanto o olhar foi lá ver a cena que se repetia há cerca de 20 anos, voltou o olhar para mim, mas como se continuasse me vendo pequena: "porque querías seguir trabajando".

Mas hoje fiquei feliz com o dia atípico. Levantei só porque tocaram o interfone, minha amiga atendeu e, pelo nome, levei um susto, lavei o rosto às pressas e fui atender, estranhando a visita sem aviso prévio. A visita, apesar do nome anunciado, era para o vizinho. Ironía do destino, não por coincidência, o rapaz tocou errado. Pode parecer absurdo, mas às vezes tenho a impressão que o universo faz de um tudo para conseguir me acordar!

Deu certo. E quero muito continuar nessa direção! - ou seja, daqui para melhor!

Até consegui sair, dançar, me animar e responder todos os "porque você sumiu?" - sem entrar em muitos detalhes - apesar de minha desculpa (o atraso na entrega da dissertação), só ter explicação plausível pelos efeitos da última medicação, talvez somados a uma real e absoluta queda de ânimo e interesse.

A entrada de maio, no entanto, me anima: sinto que finalmente estou próxima de sair do meu buraco - que parece que a cada dia mais me puxa, me quer e me prende. Eu entendo. Também não ia querer que eu fosse embora (o problema de melhorar é que vou ao outro extremo como é fácil constatar), mas, não adianta, porque me prender, só vai aumentar a minha vontade de me libertar - e é só tudo o que eu preciso: ser capaz de acessar novamente a minha força de vontade - que definitivamente não sei aonde foi parar!

Mas tudo bem, estamos indo. Tudo a seu tempo, fazer o quê? Hoje passo para 3 comprimidos da nova medicação, e até agora, felizmente, estamos indo bem. O excesso de sono, ainda é grande, provavelmente porque ainda tenha fluoxetina no sangue, mas logo chegarei a minha meta: metade da média que dormi no último mês.

Confesso que quase desisti dos medicamentos, mas estava tão fragilizada que não tive forças nem para manter minha suposta decisão - sabe quando você fecha a porta, mas não bate? Fiquei olhando pela fresta, (afinal, é uma relação de mais de um ano), e foi por ela que ele me passou a receita para o novo medicamento, indicado para uma tal "depressão refratária". A filha da mãe ganhou sobrenome, e não é fraco não. Mas deixa estar, estou bastante inclinada a acreditar que achamos o remédio certo, e, a hora que eu puder mergulhar de volta ao meu mar de sonhos, projetos e trabalhos, ninguém me segura: refratária serei eu!