quinta-feira, 25 de julho de 2013

Trégua relativa

Sabe quando nada muda, mas a sua sensação sobre as coisas muda?

Acho que, de repente, me dei conta de que estava me afogando no raso, e concluí que a pior das hipóteses ainda é boa. Mas concluí por mim, por me deixar sentir isso e não pela minha mente me acusando de ser ingrata e mimada.

Claro que, tem dias, ou melhor, momentos, em que me sinto mais confiante e em outros quero mesmo é largar tudo e sumir daqui, mas esse sumir deixou de ser querer morrer, e passou a ser querer viver onde há mais vida, em algum lugar bom deste mundo, onde a simples existência naquele lugar seja suficiente para querer viver. Confesso, penso no sul da Bahia...

Por outro lado, tem tanta coisa do passado que não deixo passar, que ainda me arrependo - e o pior é que são coisas bobas, mínimas, mas que não consigo me perdoar. Sempre sou mais complacente com os outros do que comigo mesma. Consigo me colocar no lugar deles, mas não consigo me colocar no meu (?), dá para entender?

Sinto falta do meu psicólogo... parei de ir porque me deixei chegar em uma situação financeira catastrófica. Não vejo a hora de voltar! Talvez agora aproveite para mudar de postura, de encarar como um tratamento, escolhendo o que tratar.

É que, indo só uma vez por semana, o assunto acaba sendo o momento, e raramente vamos às questões do passado. Lembro de algumas vezes em que estava bem ter acontecido, a ponto de ficar receosa quando estava bem.

Não entendo como as pessoas "normais" vivem sem um psicólogo bom - como o meu que não tenho dúvidas de que é o melhor!

Bom, no final das contas, sinto que houve uma trégua, e o mais difícil tem sido conviver com o vai e vem da minha auto-confiança. A maré não está de derrubar e virar o barco, mas ainda balança muito! De um jeito ou de outro, nos momentos de confiança dei alguns passinhos, e de passinho em passinho, posso chegar no palco... (medo) mas daí, não haverá outra saída: terei que atuar ou dançar!

Ainda fico desconfiada da falta de retorno dos amigos... me pergunto se acham que sou louca - um deles, diante meu conflito, disse que ninguém acha isso, pois todos tem certeza (!). Às vezes é de rir, às vezes de chorar, mas choro mais não. Sabe quando o vendaval bagunça mais ainda o que já estava bagunçado? Aprendi a dar risada! E vou me achando pelas veredas e caminhos...

terça-feira, 16 de julho de 2013

Maré brava

Dias dificeis... me sinto em um embate constante.
O que em um momento é claro, após o décimo balde de água fria, volta a ser turvo.

Não sei se sei explicar,
se estou no meio da tempestade e todos os lados parecem iguais.

"Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
A motor e insistir em usar os remos,
É o mal que a água faz quando se afoga
E o salva-vidas não está lá porque não vemos."

Isso me é tão... familiar.
"Daniel na Cova dos Leões"... onde mais?


...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Qual é a maior "loucura"?

Esta semana escrevi com todas as letras que não tenho mais a menor intenção de me suicidar. Tendo a acreditar que o pior já passou e o melhor está por vir. Mas, como nada nesta vida parece que pode ser fácil, voltei a desejar que algum bendito carro me atropelasse.

Alívio.

Que alívio seria. Não ter mais tantas idéias brilhantes que não tem para onde ir. Não ter mais espectativas sempre frustradas. Não ter mais que conviver com tanta coisa sem escrupulos que há por todos os lados. De não ter que conviver com a falta de ação de quem se acha tão certo.

Ouço pessoas dizerem "você é tão bonita e inteligente, como pode dizer ou pensar uma bobagem dessas?", que raiva me dá, como se isso mudasse algio. Não muda, tá? Na verdade só agrava, porque você ainda por cima se sente ainda mais culpado. É muito fácil dizer quando não é você que sente.

Não sei. Não sei como as pessoas podem viver com tantas coisas erradas neste mundo, com tantas coisas inaceitáveis e... e simplesmente não fazer nada. Ou fazer tão pouco e esse pouco ser suficiênte para viver bem. Não entendo. É isso que não entendo. Não quero ser conivente.

Tenho muito que fazer, sim. Há muita coisa que poderiamos mudar. Se os certos não fossem tão certos e os errados, tão errados, talvez fosse possivel fazer algo. Mas não é, não há meios. E onde há meios, não há gente, ou não há tempo, ou não há dinheiro.

Na verdade, estamos em um imenso labirinto, no qual temos com frequência a ilusão de que há alguma saída, mas não há.

Estamos perdidos na selva de pedras e não há mais nada que fazer, a não ser continuar andando, na esperança de se agarrar a uma nova ilusão que não nos deixe desistir. Is this. Only.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

entre metades

E de repente, a lucidez me faz ver. E enxergo que estou mais que complicada, tenho duas saídas: recuar ou avançar. Quero avançar, claro, mas para isso preciso de ajuda. E preciso acreditar. (...)

Devia estar animada, por ser capaz de encontrar saídas, mas hoje, um quarto de mim é tristeza, outro quarto é quase revolta, revolto. A outra metade... não sei se dorme ou se abstém. Só sei que parece mesmo não estar.

Meus quartos se neutralizam e fico no meio do meio do meio, sabendo que preciso ir, sendo nítido que para qualquer lado terei que nadar, mesmo sem saber como.

domingo, 7 de julho de 2013

Elena

Hoje fui ao cinema e assisti Elena. Foi algo que ainda é, e fica ecoando aqui dentro.

Difícil mesmo dizer mais no momento. Deixa muitas reflexões e uma confusão de sentimentos.


O filme, não lembrava, já me haviam comentado, é um documentário. Não é "baseado em fatos reais", mas real em si. Montado com gravações antigas e declarações mais recentes, mas repleto de uma beleza e riqueza de cores, imagens, sensações. Surpreende pela exposição, encanta pela beleza, e traz o tema à luz. Não há muito mais que dizer, pois fica o sentir, e um ecoar num lugar que não sei bem onde, lá no fundo. É como se as ondas do inconsciênte, como na beira da praia, invadissem o consciênte com suas águas salgadas, e puxassem para sí tudo o que fica por ali, naquela areia, aparentemente, tão igual.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Transtornada

Há dois dias tive consulta com o psiquiatra. Mantivemos a dosagem e ele pediu que voltasse dentro de dois meses!! Fiquei feliz. Claro que não por não ter que vê-lo, se pudesse pagar, ia querer ir toda semana! Mas sim, pelo que representa: pela primeira vez em um ano e meio, podemos considerar que estou... "estável", digamos assim.

Orgulhosa, em certo sentido, de não ter desistido.

E de repente, eu me sentia encantada por todos os detalhes mágicos da vida, e por todas as pessoas incríveis que de alguma forma me acompanham. Senti até conforto e confiança!

Conversando com minha mãe, resolvi procurar algo e... quem procura acha, ainda que não exatamente o que se procura.

Encontrei um texto que me descrevia tão absurdamente bem! Não sabia o fazer com aquilo.

Transtorno de Personalidade Obsessiva (anancástica)

Como se caracteriza?

Tendência ao perfeccionismo, comportamento rigoroso e disciplinado consigo e exigente com os outros. Emocionalmente frio. É uma pessoa formal, intelectualizada, detalhista. Essas pessoas tendem a ser devotadas ao trabalho em detrimento da família e amigos, com quem costuma ser reservado, dominador e inflexível. Dificilmente está satisfeito com seu próprio desempenho, achando que deve melhorar sempre mais. Seu perfeccionismo o faz uma pessoa indecisa e cheia de dúvidas.

Aspectos essenciais
  • O perfeccionismo pode atrapalhar no cumprimento das tarefas, porque muitas vezes o sujeito se detém nos detalhes enquanto atrasa o essencial.
  • Insistência em que as pessoas façam as coisas a seu modo ou querer fazer tudo por achar que os outros farão errado.
  • Excessiva devoção ao trabalho em detrimento das atividades de lazer.
  • Expressividade afetiva fria.
  • Comportamento rígido (não se acomoda ao comportamento dos outros) e insistência irracional (teimosia).
  • Excessivo apego a normas sociais em ocasiões de formalidade.
  • Relutância em desfazer-se de objetos por achar que serão úteis algum dia (mesmo sem valor sentimental)
  • Indecisão prejudicando seu próprio trabalho ou estudo.
  • Excessivamente consciencioso e escrupuloso em relação às normas sociais.
Achava graça de ter comentado coisas que só reforçavam a descrição (que foi escrita em 2008!), mesclada a certa vergonha, me perguntava se todas as pessoas tem algum transtorno, me perguntava se devia recusar ou aceitar... Recusar seria ridiculo, aceitar, seria reforçar. Aprender a "lidar com", seria o ideal, claro. Mas aprenderia? Não sou tão rigorosa e disciplinada assim!

Tudo bem. Tudo é superável.

Mas hoje... me superei no pior dos meus lados. Fui a pior das amigas. Fui fria como sei que não sou. Perguntei e não soube ouvir, atropelei quem está sempre pronto para me dar a mão. E o pior de tudo: não foi a primeira vez. Às vezes acho que deviam me manter isolada da sociedade. Quero que respeitem a minha dor, e não sei respeitar a dor do outro. Sentindo vergonha de mim, como poucas vezes na vida. Não sei o que fazer. Queria nunca mais machucar alguém. Como posso não ter aprendido isso ainda? Triste demais. Sem mais.