Este me gerou reflexões muito pertinentes, vale a leitura na integra, da qual destaco alguns trechos:
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Consumimo-nos animadamente, ao ritmo de emoticons. E, assim,
perdemos só a alma. E alcançamos uma façanha inédita: ser senhor e escravo ao mesmo tempo.
Estamos
exaustos e correndo. Exaustos e correndo.
Exaustos e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e correndo,
porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época. E já percebemos
que essa condição humana um corpo humano não aguenta. O corpo então virou um
atrapalho, um apêndice incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso,
deprime, entra em pânico. E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao
ser submetido a uma velocidade não humana. Viramos
exaustos-e-correndo-e-dopados.
nos falta silêncios.
Afinal, se tudo é
possível, como eu não posso? O imperativo do tudo é possível é, paradoxalmente,
aniquilador. Porque, obviamente, tudo não é possível. Nada mais limitante do
que acreditar não ter limites. E viver como se poder
poder dependesse
apenas da (livre) iniciativa de cada um. E não poder
poder, ter limites, portanto, fosse um fracasso pessoal.
Han
sugere que a depressão é um cansaço de fazer e de poder. Só uma sociedade que
acredita que tudo é possível é capaz de engendrar a lamúria depressiva de que
nada é possível. “Não mais poder
poder leva a
uma autoacusação destrutiva e a uma autoagressão”
Há que
se escutar o mal-estar – e não calá-lo. Vivê-lo num processo de
interrogação, vivê-lo como movimento. Carregar os limites, sem confundir ter
limites com estar paralisado. Não há potência total, não há tudo é possível,
não há Yes, we can. Não
ter potência total não é o mesmo que ser impotente. A ilusão da potência total
é que acaba levando à impotência. Há potência em dizer não – e há potência em
não fazer. Como Bartleby, o personagem de Herman Melville intuiu, “prefiro não
fazer” pode ser um ato de resistência e de reconexão com a própria humanidade
“prefiro não fazer” pode ser um ato de resistência e de
reconexão com a própria humanidade.
Senhor e escravo ao mesmo tempo, temos uma chance enquanto
houver também um rebelde. Escutá-lo é preciso. Anestesiá-lo não é.
"
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html?rel=mas
Se sentir impotente é algo frequente em quem tem depressão, justamente porque acreditamos que temos que ser capazes de dar conta de tudo, então, não somos capazes de nada? Claro que não, mas quantas vezes não foi assim que nos sentimos?
A vida é complexa mesmo e aceitar nossos limites é passo primordial para viver bem consigo mesmo - atitude fundamental para sair da nossa "areia movediça".
Aliás, fazer o mínimo possível talvez pode ser uma experiencia muito mais produtiva do que buscar o máximo - e permanecer exausto. Aprendi com uma amiga que: se ninguém vai morrer, não é urgente.
No entanto... antes de recorrer a esse aprendizado, é bom verificar se não há por trás uma morte simbólica de si próprio. Se houver indício, é respirar fundo e encarar, pois isso muda o seu mundo. ;)
A vida é complexa mesmo e aceitar nossos limites é passo primordial para viver bem consigo mesmo - atitude fundamental para sair da nossa "areia movediça".
Aliás, fazer o mínimo possível talvez pode ser uma experiencia muito mais produtiva do que buscar o máximo - e permanecer exausto. Aprendi com uma amiga que: se ninguém vai morrer, não é urgente.
No entanto... antes de recorrer a esse aprendizado, é bom verificar se não há por trás uma morte simbólica de si próprio. Se houver indício, é respirar fundo e encarar, pois isso muda o seu mundo. ;)
O texto da Eliane Brum é muito bom. Vale ler, refletir e reler! <3
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